domingo, 25 de outubro de 2009

Eleições na Alemanha e em Portugal: caminhos diferentes

A vitória, nas eleições de 27 de setembro, do setor conservador na Alemanha e dos socialistas em Portugal, mostra duas pautas principais. Em primeiro lugar, confirma a queda do apoio aos partidos social-democratas no cenário europeu, como se fossem castigados dessa forma pelo desastre econômico das estruturas financeiras que se supõe serem obra dos conservadores. Por outro lado, entretanto, observa-se que certos focos sob controle socialista se mantêm, segundo mostra a reeleição de José Sócrates como primeiro-ministro de Portugal. Esta aparente contradição tem certas explicações.



A queda de mais de dez pontos do Partido Social-Democrata (PSD) alemão, até agora liderado pelo ministro de Assuntos Exteriores, Frank-Walker Steinmeier, em comparação com as eleições de 2005, uniu-se à simultânea queda dos favores eleitorais recebidos pelo Partido Liberal. Dessa forma, a primeira-ministra e líder do Partido Democrata-Cristão, Angela Merkel, pode se desembaraçar de seus sócios à esquerda e apoiar-se em seus novos aliados no centro. De certa forma, o percebido deslize à direita do PSD, por compartilhar o poder com os democrata-cristãos nos últimos quatro anos, foi interpretado negativamente por alguns setores mais radicais.
Incerto é prever se o futuro da Alemanha pode voltar a testemunhar a alternância entre democrata-cristãos e socialistas que é a chave da estabilidade, não apenas germânica, mas da própria União Européia. É impossível de se entender sem a cooperação das duas formações. A nova etapa germânica não representa um perigo para a estabilidade européia, mas, provavelmente, a reforça nesta época de incertezas, carente de líderes. Chegou a hora de Merkel.

A experiência portuguesa tem uma leitura diferente a respeito da solidez do controle do Partido Socialista, apesar da grave crise geral que se alimentou ainda mais na economia portuguesa e em seus setores trabalhistas. Para satisfação de seu vizinho José Rodríguez Zapatero, Sócrates conseguiu uma nova vitória, embora perdendo a maioria absoluta no parlamento, que havia obtido em 2005. De certo modo, seu êxito foi facilitado pela lamentável campanha de sua adversária, a candidata conservadora Manuela Ferreira Leite. Ao eleger uma atitude antiespanhola como uma das colunas do cortejo de votos, transmitiu uma mensagem equivocada.



A combinação dos resultados das eleições na Alemanha e em Portugal (derrota dos socialistas em Berlim e vitória em Lisboa) deve ser considerada boa para o governo espanhol. Para os Estados Unidos e a América Latina, os resultados destas eleições são positivos porque reforçam a sensação de estabilidade em uma região imprescindível para suas respectivas economias.

Para saber mais: http://pt.euronews.net/

Amanda Laís de Oliveira Sartorti - 2.3.1

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